domingo, 1 de agosto de 2010

RECIFE SEDIA CONGRESSO SOBRE ADOÇÃO


Segundo relatório do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), 80 mil crianças e adolescentes vivem em abrigos no Brasil, e cerca de 8 mil (10%) delas estão aptas para adoção. Se de um lado há tantas crianças que desejam ter uma família, do outro estão listas enormes de casais ávidos por uma criança. Porém, a maior dificuldade das Varas da Infância e da Juventude é encontrar os candidatos a pais e filhos adequados um para o outro. Com o objetivo de discutir o processo de adoção e aprimorar o trabalho realizado por profissionais da área, o 1º Congresso Franco-Brasileiro sobre Psicanálise, Filiação e Sociedade será realizado no Recife de 17 a 21 de agosto. Com o tema “Adoção: da criança à filiação”, o evento é fruto de uma parceria entre a Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), a Universidade Denis Diderot, de Paris, na França, e outras instituições, como o Serviço de Filiação Adotiva (SOFIA), da Unicap. O congresso discutirá diversos aspectos relacionados ao tema, como adoção por pessoas do mesmo sexo, solteiros, ou casais estrangeiros.
“O Congresso é multidisciplinar e será trabalhado por diferentes áreas como psicólogos, psicanalistas, antropólogo, pelo direito e juizados especiais. Não é um evento para pais interessados em adoção, mas para profissionais que trabalham na assistência de processos adotivos para fazer com que a adoção seja bem-sucedida”, conta a presidente do Congresso no Brasil e coordenadora do SOFIA, Edilene Queiroz.
Muitos dos casais que desejam adotar, nem sempre estão preparados para receber uma criança. Os candidatos devem refletir sobre o lugar que o filho adotivo irá ocupar naquela família.
Edilene explica que, para os pais, é necessário haver o desejo de ter filhos. “Nós trabalhamos o lado clínico da adoção, identificando as razões que levam casais a buscarem por uma criança. Alguns buscam acabar com a solidão, outros é porque já esgotaram as possibilidades de uma maternidade biológica, mas isso não significa adoção. É preciso existir o desejo de filiar”, destaca.
Outro aspecto delicado é que o filho adotivo tem uma história de vida antes da chegada naquela família, e lidar com isso é, na maioria das vezes, o maior medo dos pais. Para dar apoio no aspecto socioeducativo, alguns pais adotivos da capital formaram o Grupo de Estudos e Apoio à Adoção (GEAD-Recife). Segundo Suzana Schettini, presidente do GEAD-Recife, no grupo, os candidatos à perfilhação compartilham medos, conflitos e angústias com pais experientes, que trazem situações vividas para o debate. “Os pais adotivos sentem necessidade de conversar sobre seus filhos e como lidar com preconceitos. Ouvir outras pessoas que já passaram pela adoção é quase uma terapia para os pais candidatos”, afirma.
Após dez anos de casada e sem conseguir ter filhos, a psicóloga Eneri Albuquerque começou a ver a adoção como uma possibilidade de ter filhos. “Quando eu decidi adotar minha primeira filha, percebi que eu tinha preconceitos e que precisava trabalhar isso. Quando me senti preparada ganhei minha filha mais velha, Maria Luisa, de 17 anos. Cinco anos depois sentimos necessidade de aumentar a família e veio Luana, a filha mais nova, hoje com 12 anos”, relembra Eneri.

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