domingo, 8 de agosto de 2010

FLIPZONA PARA JOVENS




Em mais andanças pelas ruas de Paraty encontro um grupo de adolescentes sentados e conversando sobre assuntos da faixa etária, em linguagem típica da idade. Comecei a conversar com o grupo e perguntar a respeito do que é a FLIP para eles.
Foi interessante o papo principalmente em perceber que, apesar da pouca idade e das caras de criança, eles entendem muito bem o que de fato é um evento como a FLIP.
O grupo sabe da importância da leitura, dos autores brasileiros mas aproveitara para criticar as indicações dos livros feitas pelas suas escolas.
Perguntei o que eles mais gostam da festa literária e eles responderam que das pessoas, apesar de muitas serem mal educadas em jogar lixo nas ruas, incluindo os próprios moradores de Paraty.
Esse grupo de jovens participa da FlipZona, que traz uma programação paralela às palestras principais, voltada para os jovens.
Bacana ver uma garotada interessada no universo literário.
Começou! A 8ª edição da FLIP teve como palestra de abertura a análise da obra Casa-grande e Senzala, do homenageado da feira Gilberto Freyre, proferida pelo ex presidente do Brasil Fernando Henrique Cardoso, com um excelente público presente, em um ambiente próprio de espectadores silenciosos e atentos.



FHC iniciou-se afirmando a contemporaneidade de Gilberto Freyre, e que o sociólogo não era apenas um ensaísta mas um estudioso, com vastos conhecimentos de Literatura, Antropologia e outras ciências, com uma obra escrita de maneira espiral, que nos leva em embalos, de estilo não acadêmico, muitas das vezes sem conclusões.
Na analise da obra Casa-grande e Senzala, de acordo com FHC, Freyre não entra em questões do Estado, mas nos aspectos do cotidiano da família patriarcal, do latifúndio. O que descreve o Brasil é a relação entre as pessoas da Casa-grande e da Senzala. Isso foi inovador na época. A miscigenação já veio de Portugal, onde existia uma fusão de culturas de outros povos.
FHC cita também a obra Ordem e Progresso de Gilberto Freyre, onde coloca que, para Freyre, a Republica foi a continuação sociológica da monarquia.
Pelo discurso do palestrante, Gilberto Freyre descreve o Equilíbrio dos Contrários, relatando detalhadamente o cotidiano, vendo o concreto com valor descritivo, como instrumento fantasioso que nos ajuda a entender a sociedade brasileira.
“A ambigüidade de Gilberto Freyre está, talvez, em todos nós”.

Gil Torres

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